Há 1 ano, eu tinha apenas um amigo do Rio Grande do Sul. Na semana passada estava falando com um dos tantos gaúchos que, ainda bem, hoje faz parte de meu cotidiano sobre como é interessante pensar nos encontros de repertórios culturais brasileiros em cidades como São Paulo.
Penso que existe algo importante e não encarado nas conversas entre pessoas que vieram e passaram por lugares tão diferentes do país: o tom da conversa não é o mesmo, as histórias não são as mesmas, sequer a geografia é igual!
Depois de um longo e demorado trajeto, chegamos nos centros urbanos do país com modelos mentais construídos a partir de nossa realidade de origem e de passagem. E lidar com esse fato com curiosidade é, na minha opinião, o que faz com que esses viajantes tão diferentes consigam interagir com menor nível de preconceito.
Somos um país com uma imensa malha rodoviária, com rios que guiam o caminho, com diferentes ciclos migratórios internos. Muitos povoados surgiram exatamente em regiões de passagem e troca de mercadorias entre viajantes. Por essa imensidão geográfica e mobilidade do povo dentro do território, aprendemos a ser criativos em questões de transporte, estoque de suprimentos, cocção de alimentos, receitas.
É assim do retirante, migrante interno do Norte e Nordeste que viaja caminhando pelo país, até o estrangeiro historiador dos séculos XVI. E há muito para aprender com registro de nossos viajantes.
Infelizmente não temos muito registros de retirantes. A literatura de Cordel e algumas linguagens musicais, como é o caso do sertanejo, se apropriam dessas histórias e podem ser uma fonte de pesquisa.
Já sobre os estrangeiros, conseguimos ter acesso ao seu olhar sobre o país em alguns livros de leitura recomendada.
Para os curiosos pelo tema, como eu, achei uma seleção de livros sobre o assunto, recomendados pela Fundação Joaquim Nabuco, abaixo:
_ Viagem ao Brasil (1557), Hans Staden
_ Viagem à terra do Brasil (1574), Jean de Léry
_ Travels in Brazil (1816), Henry Koster
_ Viagens ao Nordeste do Brasil (1942), Luís da Câmara Cascudo
_ Viagem pitoresca através do Brasil (1940), Johan Moritz Rugendas
_ Diário de uma viagem ao Brasil (1956), Maria Graham
_ Viagem pelo Brasil (1978), Johan Baptist von Spix e karl Friedrich Philip von Martius
