“Capoeira que é bom

Não Cai!”, todos cantamos na letra de Vinicius de Moraes.

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E não cai porque ginga.

Esse é o movimento básico e a matriz da capoeira, dele surgem todas as outras possibilidades de evolução dessa dança-luta-jogo afro-brasileiro.

Gingando, o capoeirista ocupa o espaço de forma dinâmica: nunca está parado, não está num lugar fixo e está sempre “com um pé à frente e outro atrás”. Com uma boa ginga, um praticante de capoeira pode defender-se sem exatamente atacar, apenas “saindo pelas tangentes”.

Gingar é ter mobilidade e flexibilidade e, para isso, o capoeirista aprende a acalmar os seus sentimentos e respirar naturalmente.

Tudo isso eu li no “O Corpo na Capoeira”, do Mestre Pavão. Mas foi no “Capoeira, Identidade e Gênero”, de Josivaldo Pires e Luiz Augusto Pinheiro, que eu entendi mais sobre o percurso da capoeira em direação ao inegável reconhecimento como patrimônio da cultura imaterial brasileira.

No final do século XIX, a capoeira já tinha manifestação em quase todo o país e sua vivência já era um forte instrumento de divulgação da história do Brasil, mas foi só a partir de 1930 que a capoeira passou a ser mencionada como uma luta considerada genuinamente brasileira.

Como seu movimento matriz, a ginga, a capoeira transformou-se bastante ao longo dos séculos após a chegada do africano no Brasil: primeiro era praticada por escravos, depois brancos foram incorporados, novos objetos, jeitos de gingar e canções surgiram ao longo dos séculos. Mas sua percepção foi uma das principais evoluções desse processo: de marginal e penalizada para um bem cultural, a capoeira gingou muito no imaginário do brasileiros.

(Por Mayra Fonseca. Imagem Johann Moritz Rugendas, 1825).