Ninguém.

Ninguém.

Acho que as pessoas estão muito mentais…

Principalmente os jovens das grandes cidades.

Parece existir argumento complexo e certeiro para qualquer opinião. Da precariedade da infra-estrutura de transporte no país ao impacto da tecnologia no cotidiano, ando vendo discussões demoradas e repletas de citações de teorias e correntes de pensamento.

Vivemos em um tempo no qual é imensamente fácil achar justificativa para qualquer atitude. Qualquer uma.

E, assistindo e participando de discussões, percebi que ando sentindo falta de um outro tipo de habilidade: a corporal.

Sim. Ontem estava almoçando com um amigo e chegamos a essa conclusão… Não é raro conhecer alguém que saiba dizer sobre a última novidade de qualquer tema. E que, com oratória afiada, demonstre quão inteligente é. Mas, quantas pessoas você conhece que sabem dar um bom abraço? Ou que são capazes de dar um firme aperto de mão? Quem é o mais aconchegante olhar do teu dia?

Não ouso desmerecer toda a nossa bagagem intelectual e crítica. E concordo que é importante avançar ainda mais em um caminho de discussões e busca de soluções pra esse mundo que tentamos construir.

Mas, convenhamos, boa parte do que discutimos é um pouco ego, um pouco desespero, um pouco mania. Uma repetição ansiosa de tudo que sabemos para chamar a atenção do outro ao nosso redor e mostrar que somos… interessantes.

Eu tento não perder a habilidade de achar que as pessoas – todas – são muito interessantes.

Mas nem todas são aconchegantes!

Imagine se essa parcela de investimento intelectual (apenas essa parcela que não é construtiva e não vai chegar mesmo a lugar algum) fosse direcionada à nossa habilidade corporal. Talvez, as conversas terminariam assim: me dá um abraço, vai?

Ou, melhor… Imagine se, sinceros e abertos, ousássemos dizer: não entendi nada, acho que você está precisando é de um bom cafuné!

Talvez algumas questões seriam mesmo solucionadas.

Porque uma parte do que falta, quase certeza, é se permitir sentar num canto, relaxar e receber carinho.

 

(Por Mayra Fonseca. Obra de Leonilson).