Carol Hoffmann possui um blog que sempre seguimos, o Amenidades do Design. Através de suas postagens, descobrimos dois projetos bacanas “ambulantes”: a Gráfica Clandestina e a Sericleta. Em contato com os artistas gráficos Ramon Rodrigues e Samuel Casal da Gráfica Clandestina, perguntamos: Por que fazer uma gráfica clandestina ambulante?

Nós (os artistas gráficos Ramon Rodrigues e Samuel Casal) trabalhamos com xilogravura, uma técnica primitiva de impressão. Basicamente criamos carimbos de madeira que depois são entintados com tinta gráfica e prensados contra o papel. A gravação de uma matriz de xilogravura é realizada com goivas (pequenos formões, específicos para esse fim) e a impressão pode ser feita de diferentes maneiras (a Gráfica Clandestina utiliza uma prensa horizontal).

O nosso primeiro intuito é educativo, ou seja, demonstrar para o público como funciona a técnica de elaboração de uma xilogravura em todas as suas etapas. O processo de gravação e impressão é algo que nem todos conhecem ou entendem como funciona, por isso sempre conversávamos sobre a possibilidade de fazer um atelier móvel, onde as pessoas pudessem ver como tudo acontece. Outro fator decisivo para criarmos a Gráfica Clandestina é a facilidade que temos de poder trabalhar em qualquer lugar, pois todo o sistema funciona sem energia elétrica, tudo é feito manualmente.

Depois de encontrar um carrinho de madeira, que o antigo dono havia feito à mão, para vender doces, mas nunca utilizou, compramos e reformamos da mesma forma, artesanalmente. Cada um dos quatro lados do carrinho tem uma função, onde pode ser realizada uma das etapas fundamentais da xilogravura: área de gravação da matriz, a área onde a matriz é impressa, a parte para secar a gravura e no final a galeria, onde as gravuras são penduradas já com as molduras. Como trabalhamos com temas e elementos parecidos nos nossos trabalhos gráficos pessoais, não foi difícil definir a estética que o carrinho teria.

Pesquisa e entrevista: Ana Luiza Gomes