Peu Araújo é jornalista, DJ e um dos responsáveis pelo Sambarbudo Project. Nesses dias falando sobre periferia, é ele quem nos traz o som da quebrada:

Cresci num bairro onde ouvir rap era a coisa mais comum do mundo. Saber as letras, as gírias (gíria não dialeto) e os costumes era tão normal quanto uma média e um pão na chapa. Ele estava lá na escola, na pista de skate, no campinho de futebol. Racionais MC’s, RZO, SNJ, Detentos do Rap, 509-E e mais um sem fim de nomes que não caberão num texto tão curto eram corriqueiros nas conversas. Falar do rap é falar da periferia, é viver a periferia, mas mais ainda é ouvir a quebrada. É saber um pouco das histórias, dos vícios, das tretas que ainda rolam por lá.

O ritmo saiu dos cantos e foi para o centro. E lá onde a coruja dorme os pancadões do funk, antes carioca agora de ostentação, tomaram conta, o sertanejo tem seu peso, o forró tem sua parcela de notoriedade, e num vislumbre do tempo surge um celular soprando a voz cavernosa de Mano Brown, que ainda é a voz do gueto. A voz que agita o VMB e que causa furor na classe média.

Na verdade, a preocupação com a posição geográfica da música é uma grande bobagem, porque tem muita gente dizendo muitas besteiras se dizendo rapper, gente que incita a mesmice e o clichê e dizendo que é o rap. Além de boné de aba reta e tênis cano alto, o rap é mensagem, e tem muita gente com o discurso vazio gritando palavras desconexas ao vento.

A música pode ser feita no Morumbi ou em Paraisópolis, o que importa é o que diz e o rap, mesmo com os “pelasaco” de plantão, ainda tem muito o que dizer: o rap está aí. Mais vivo do que nunca, cantando e sendo a periferia, mas sendo outras coisas também. Que dure, que lute e que sobreviva!

Vida longa ao erreapê!
Meu nome é Peu.
Divirtam-se!

(Por Peu Araújo)

1. Meu nome é Peu (The Culture of Rap) 
- Pepeu
2. Vida Loka Parte 2 (Nada como um dia após o outro dia)
 – Racionais
3. Dama Tereza (Coleção Nacional)
 – Instituto e Sabotage
4. 21/12 (…Entre…)
 – Kamau
5. A Bagunça das gavetas (A autoridade da Razão EP)
 – Parteum
6. Inocência (Urbanidades)
 – Projeto Manada
7. Sua mina ouve meu rap (Single)
 – Marechal
8. Só mais uma noite (Emicidio) – Emicida
9. Jaçanã Picadilha (É o gigante)
 – Relatos da Invasão
10. Chama os mulekes (Com os neurônios evoluindo)
 – Cone Crew Diretoria
11. Por que (Sensaflownal) – Flow MC