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Festa do Boi. Orquestra de Berimbaus. Muros pintados, como em Pernambuco. Piparia (oficina de pipas + padaria). Festa de São Cosme e Damião. Caminho de ameríndios Guaranis do Sul. Grupo Cupuaçu de Danças Brasileiras. Música que Treme Terra. Música na Kombi, goiabada cascão e queijo mineiro… na Kombi. Feijoada iluminada por lamparinas e temperada por mãos nortistas.

Poucas ruas, um morro. Bairro ao lado formado por casas simples e pessoas estampadas. Olhares atentos, cumprimentos calorosos, pedidos de cuidado. Saci-pererê.

Caminhar pelo Morro do Querosene: o último presente que São Paulo me deu.

Hoje soube que o Morro é destino de visitas de crianças em escolas, lugar para excursão sobre cultura brasileira. Hoje, porque há poucos meses nem tinha ouvido falar sobre o lugar.

Ficava eu pensando que tudo isso que tanto me inspira era coisa só de lugar mais pra dentro/pra beirada do mapa. Agora percebo que tudo isso que tanto me inspira é coisa de gente que faz questão de manter, de cultivar.

Gente que zela por um ambiente para celebrar sua origem – seja ela qual for – e (re)contar suas histórias e retomar tudo que é da sua essência.

Em detalhes. Com carinho.

Patrimônio de quem, pra onde for, leva consigo o valor de sua trajetória. Alma leve, apesar de carregada de cotidiano simbólico. Comunidade que nem se importa por ficar discreta… em cima do morro, longe dos holofotes, cuidando das nascentes dos rios, cumprimentando os vizinhos e dançando maracatu.

Não sei de endereço. Aprendi nas suas ruelas que o caminho se abre naturalmente para quem vê no espelho um Brasil para preservar.

(Por Mayra Fonseca. Muros do Morro do Querosene, São Paulo 2014 / Foto Antonio Adriano – Levo na Mochila)