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A Primeira Bienal do Barro do Brasil é uma proposta do artista Carlos Mélo. Nascido no município de Riacho das Almas, próximo de Caruaru, decidiu propor um olhar contemporâneo para a matéria prima de grande tradição em sua região, o barro.

A Bienal aconteceu entre abril e maio no galpão da antiga fábrica Caroá e teve como curador o jovem Raphael Fonseca, que convidou os seguintes artistas a participarem: Armando Queiroz (Belém – PA), Clarissa Campello (Vitória – ES), Daniel Murgel (Niterói – RJ), Deyson Gilbert (São José do Egito – PE), Ivan Grilo (Itatiba – SP), Jorge Soledar (Porto Alegre – RS), Jared Domicio (Fortaleza, CE), José Paulo (Recife – PE), José Rufino (João Pessoa – PB), Laerte Ramos (São Paulo – SP), Leila Danziger (Rio de Janeiro – RJ), Luisa Nóbrega ( São Paulo – SP), Márcio Almeida (Recife – PE), Marcone Moreira (Pio XII – MA), Nadam Guerra (Rio de Janeiro – RJ) e Presciliana Nobre (Santana do Ipanema – AL).

Em visita à São Paulo, entrevistamos Raphael sobre: “Por que fazer uma Bienal do Barro?”

“Imagino que essa pergunta poderia ser mais ampla – ou seja, não apenas se perguntar quanto a esse projeto de bienal, mas quanto a projetos que lidem com a arte contemporânea por uma perspectiva mais próxima à experiência diária e banal, e menos endossada em teorias e tópicos mais, digamos, acadêmico.

Nesse sentido, a Bienal do Barro se constrói como um projeto que partiu da experiência e pesquisa de um artista (o Carlos Mélo, que reside em Recife) e foi de encontro à História e memória de uma cidade específica, ou seja, Caruaru, no estado de Pernambuco.

A partir do rastro histórico que a região possui no que diz respeito à cerâmica e a nomes famosos como do Mestre Vitalino e do Mestre Galdino, a pergunta que nos fazemos é: qual a potência do barro na produção de imagens hoje em dia? Essa questão, entretanto, é feita a partir da experiência em Caruaru de dezesseis artistas de regiões geográficas distintas do Brasil.

Nossa ideia, então, era desmembrar um barro específico em várias concepções possíveis do que pode vir essa matéria que é tão simbólica não só no Brasil, mas no mundo. No lugar, então, de coroar a chamada arte popular de modo não muito reflexivo, o projeto se configurou como um primeiro convite à problematização desse fazer.

Quem sabe em edições futuras, cada vez mais, torço, a participação de artistas e fazeres locais poderá ser feita, mas sem deixar de lado a vontade de intercâmbio multicultural essencial para que o barro seja algo da experiência universal.”

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Obra de Ivan Grilo, Placa-monumento. Homem-monumento, Bienal do Barro, Caruaru [2014]

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Obra de Ivan Grilo, Trancado vivo (ou monumento ao barro), Bienal do Barro, Caruaru [2014]

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Foto de obras de Ivan Grilo: 1. monumento a névoa e sua vítima / 1. Fotografia de frente com a cabeça descoberta / 3. Trancado vivo [ou monumento ao barro], Bienal do Barro, Caruaru [2014]

Pesquisa e entrevista: Ana Luiza Gomes