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A primeira coisa que se aprende quando decide se mudar para São Paulo é a reclamar da própria cidade. Sempre me pareceu um ritual de passagem; quanto mais eu reclamava, mais “paulista” eu ficava. Eu não sei se vocês sentem o mesmo, mas quando alguém fala algo positivo, é um custo arrumar aliados, já quando alguém fala algo negativo…Reclamar é uma praga. E pega rapidinho!

Eu fui embora: o trânsito, o caos, a poluição e a reclamação me consumiram por inteira. Hoje, quando volto (e volto na frequência da saudade, ou seja, muito), sinto que nunca realmente morei ali. Talvez eu tenha morado na cidade-dos-outros, na são-paulo-dos-reclamões.

Foi pensando nisso que eu fiz o projeto “O que você ama em São Paulo?” com a designer e amiga Rafaela Ranzani. Sair pelas ruas e aeroportos perguntando às pessoas o que elas conseguem ver de bom na cidade em que vivem foi um exercício de mudar o olhar e mirar nas coisas boas.

É claro que os cariocas se divertiram escrevendo “a ponte aérea”. Os empresários de passagem ficaram perdidos, procurando algo de interessante que viram pela janela do taxi. Interessante mesmo foi observar a quantidade de pessoas que sorriam para enumerar suas conquistas que, segundo elas, só foram possíveis por acreditarem no santo, São Paulo.

As respostas foram expostas na Zipper Galeria (o projeto foi o resultado do workshop Mesa&Cadeira#3) e no MIS, Museu de Imagem e Som. Os visitantes eram convidados a escrever suas próprias respostas; o resultado foi uma parede, quer dizer várias, recheadas de muitas declarações de amor.

Entenda: São Paulo não se transformou em “cidade dos sonhos”. Como diz um blog que eu amo muito, o Quadrado, “a cidade é do tamanho que a gente quer”. E parece que eu finalmente encontrei a-minha-São-Paulo, dos mineiros transformadores aos paulistas sarcásticos, tudo de um tamanho mais confortável, perfeito para o meu coração.

Link: http://oquevoceamaemsp.tumblr.com/

Pesquisa e entrevista: Ana Luiza Gomes