7 razões para a pixação estar na 7 Bienal de Berlin 2012.

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1. A pixação retoma a crítica institucional feita contra a própria promotora do evento, como Hans Haacke na Bienal de Veneza de 1993, o qual recebeu o prêmio do evento por seu feito, ao colocar no pavilhão da Alemanha Federal a foto de Hitler que ali foi recebido com pompa na Bienal de Veneza em 1934.

2. A pixação foi a performance sem concessões, como entre os Acionistas Vienenses que quase permaneceram presos por uma performance na Universidade de Viena. Mas agora o choque não passa por matar um ganso, realizar um ato sexual ou se masturbar embalado pelo hino nacional.

3. A pixação é uma apropriação dos conceitos do Direito à Cidade de Henri Lefebvre. Neste sentido é uma prática política que diz que a paisagem pode ser uma construção coletiva justamente porque está no espaço público coletivizado. Não se pixa interiores para decoração, pixa-se paredes, fachadas, e o que está na vista pública.

4. A pixação é a prática do que vemos como vontade de potência em Nietzsche, e fez a inscrição do “Além do Bem e do Mal” deste autor nas paredes da igreja. Nada contra a igreja ou o cristianismo, mas tudo a ver com Nietzshe, escritor que foi usurpado pelo nazismo neste conceito de super-homem, justamente pelos anti-semitas contra os quais ele lutava.

5. A Bienal desejava promover o trânsito de práticas artísticas no campo político, e de práticas artísticas no âmbito da política. Na pixação estas duas dimensões estão integradas, quase indiscerníveis.

6. A Bienal queria esquecer o medo, mas esqueceu a história, e marginais da cidade de São Paulo puderam fazê-la se lembrar. Tal fato foi muito bem notado pelo jornalista Heinz Peter Schwerfel da Der Kunst Magazine, 08/2012, sob o título “Selbst Politik ist eine Frage der Form”.

7. No ofício castrador, a Bienal que desejava uma crítica contra ela própria, pôde representar, de fato e não na ficção, o funcionamento de repressão que já aconteceu com os pixadores nas duas edições da Bienal de São Paulo em que eles interviram. Todavia, um dos posicionamentos almejados pela curadoria era realizar um ataque à representação no mundo da arte.

Sérgio Franco é sociólogo e mestre pela FAU-USP. Curador das exposições “São Paulo Mon Amour” (Paris, 2009), “Graffiti Fine Art” (São Paulo, 2010) e, recentemente, da pixação na Bienal de Berlim (2012).

Pesquisa e entrevista: Ana Luiza Gomes